O menino Nito
Na história de hoje, vamos conhecer Nito e sua família, em um enredo sensível e envolvente. O livro nos provoca logo na capa com uma pergunta instigante: Então, homem chora ou não?
DE 6 A 8 ANOS
3/9/2025


Na história de hoje, vamos conhecer Nito e sua família, em um enredo sensível e envolvente. Escrito por Sonia Rosa e ilustrado por Victor Tavares, o livro nos provoca logo na capa com uma pergunta instigante: Então, homem chora ou não? Esse é um tema essencial para discutirmos com as crianças, especialmente com os meninos.
Desde que nasceu, Nito chamava a atenção por sua beleza. Tanto falavam sobre isso que o apelido surgiu naturalmente. No entanto, apesar de sua simpatia, Nito chorava muito. Seus pais, preocupados com a frequência de seu choro, tentavam controlá-lo, mas nada funcionava. Até que um dia, seu pai decidiu ter uma conversa séria. Disse que ele já estava crescendo, virando um "rapazinho" e, por isso, precisava parar de chorar por qualquer motivo. “Você é macho!”, afirmou o pai.
Quantas vezes as crianças não ouvem essa mesma frase? Quando não vem dos pais, pode ser de um tio, um avô ou até dos próprios colegas na escola. Essa ideia, repetida ao longo da infância, vai silenciando os sentimentos dos meninos desde cedo. Não é coincidência que vemos mais agressões físicas entre garotos. Afinal, as crianças ainda não possuem um repertório amplo para expressar suas emoções, especialmente frustração e raiva.
Por isso, é fundamental permitir e estimular que as crianças expressem seus sentimentos de forma natural. Quando reprimimos suas emoções, muitas vezes a única saída que encontram é a violência. Precisamos mudar essa narrativa e mostrar que sentir não é fraqueza, mas sim parte essencial da experiência humana.
Além de estimular as crianças a expressarem seus sentimentos de diversas formas—seja por meio do choro, de um desejo, de uma conversa ou até de um grito—precisamos também educar os adultos. A ideia de que "homem não chora" e de que crianças devem "engolir o choro" só persiste porque é reproduzida por nós, os adultos. Fomos criados assim na maioria das vezes, e, sem perceber, continuamos perpetuando esse ciclo. Mas será que ganhamos algo com isso?
Na verdade, essa repressão só nos prejudica. Crescemos sem saber lidar com nossas emoções e, muitas vezes, nos tornamos adultos reprimidos ou birrentos. Podemos até evitar o choro, mas perdemos a capacidade de dialogar, de ouvir, de falar com calma e de nos expressar de maneira saudável. Nossa sociedade sofre com essa supressão de sentimentos, que pode se manifestar até mesmo em doenças.
Enquanto os homens são ensinados a conter as lágrimas, as mulheres, por outro lado, até podem chorar, mas apenas isso. Outras formas de expressar emoções são mal vistas, e quem reclama ou desabafa logo é rotulada de “chata” ou “reclamona”. Não por acaso, muitas doenças prevalentes entre as mulheres, como algumas doenças autoimunes, estão ligadas a essa carga emocional reprimida.
Reprimir sentimentos, seja em crianças ou adultos, nunca é a solução. Pelo contrário, aprender a lidar com as emoções de forma saudável é essencial para o bem-estar individual e coletivo.
A partir do momento em que Nito decide parar de chorar, ele também começa a parar de correr, de pular, de brincar. Após um mês, já não tinha nem ânimo para sair da cama. De maneira sutil, Sonia Rosa nos alerta para um dos perigos de reprimir os sentimentos: uma tristeza momentânea que, se não for tratada, pode evoluir para um quadro depressivo, até mesmo em crianças. Ficar atento a esses sinais é essencial.
No entanto, o livro também nos traz uma solução. Quando o médico é chamado, ele recomenda que Nito chore tudo o que tem para chorar. E foi o que ele fez: chorou, desabafou, e, depois disso, se sentiu curado. Seu pai, profundamente comovido com o que havia acontecido, se aproxima e diz: "Chorar é bom, às vezes até nos faz mais homens…".
Que história incrível para compartilhar com as crianças, não é mesmo? Repleta de lições valiosas! Se você quiser ouvir a leitura completa com as amigas da leitura, acesse nosso canal no YouTube. E, se desejar atividades para seus alunos sobre o livro, basta fazer o download ou entrar em contato conosco. Até a próxima história!

